Viagens na Minha Terra: Aspectos Gerais

    almeida-garrett.jpg (340×195)
  Livro obrigatório de leitura para a FUVEST. Nesse post, será discutido alguns aspectos gerais da obra que possivelmente serão aprofundados em posts posteriores. 

  • O autor: Almeida Garrett
   Dispensaremos detalhes íntimos sobre a vida do autor, mas para a compreensão da Obra é importante saber que Garrett é nacionalista, amante de Portugal e, durante sua vida, vivenciou diversos momentos conturbados em seu país, tais como:
- Fuga da família real em 1808;
- Revolução do Porto em 1820;
- Guerra Civil Portuguesa (Constitucionalistas x miguelistas).
   Tais experiências fizeram com que ele obtivesse grande conscientização política. Formou-se em Direito, onde teve contato com diversas teorias econômicas e sociais e a que mais identificou-se foi o liberalismo.
   Após a vitória dos liberais - ou constitucionalistas - na Guerra Civil de 32, Garrett assumiu altas funções políticas, já que apoiava abertamente D. Pedro IV, também conhecido por D. Pedro I no Brasil.

  • Aspectos da obra
   Viagens na Minha Terra é uma viagem dentro de diversas viagens. Como assim? O autor, Almeida Garret, narra sua viagem de Lisboa a Santarem, por isso mesmo o livro é classificado por alguns como literatura de viagem. No entanto, Garett não dá ênfase nos aspectos geográficos ou simples acontecimentos durante seu trajeto, mas aproveita a viagem para fazer diversas reflexões sobre Portugal, hoje e no passado e, sobretudo, fazer severas críticas ao estado em que o país se encontra. Com isso, o autor introduz algo completamente novo na literatura portuguesa: as digressões, isto é, ao narrar a história, constantemente o autor para o fluxo narrativo a fim de narrar seus pensamentos, suas reflexões ou críticas, assim como Machado de Assis faz em Memórias Póstumas de Brás Cubas (aspecto interessante para quem presta vestibular e tem os dois livros como leituras obrigatórias, comparações são sempre bem vindas).
  Desse modo, Garret compara constantemente Portugal das Grandes Navegações, grandioso, com o debilitado Portugal do século XVIII, e, tais comparações, se dão nos mais diversos aspectos: sociais, políticos, religiosos e, principalmente, econômicos. Por isso mesmo, a denominação "Viagens".
   Além das constantes digressões, críticas e reflexões, há também uma grande novidade e exclusividade em sua obra: a introdução de uma história dentro de uma história utilizando alegorias.
   História dentro da história? Sim, no capítulo 11, ao chegar em Santarém, Garret começa uma narrativa de uma menina denominada Joaninha dos rouxinóis que irá ser narrada até o final do livro, oscilando com os seus relatos de viagens e digressões. Além de Joaninha, há nessa história: seu primo, Carlos; sua avó, Francisa; e um velho frade.
   Em termos linguísticos, o livro é rico em recursos intertextuais, constantemente o autor cita grandes obras e autores, há também diversos recursos das funções da linguagem, mas, ao menos para as provas, é muito notável a metalinguagem. Durante a obra, em diversos momentos, o autor faz críticas a autores, escolas literárias e outras obras. Há um trecho em que Garrett critica abertamente a metodologia utilizada pelos autores românticos, afirmando que para fazer um conto nesta escola literária basta seguir uma espécie de "receita", onde adicionam-se vilões, heróis e personagens idealizados em prol de um enredo qualquer.
   Embora sua obra marque o início do romantismo em Portugal, Garrett não se declarava abertamente como um autor adepto desta escola, mas, independente de classificações, sua obra foi um grande marco na literatura portuguesa. Viagens na minha terra é uma obra de difícil classificação, seria uma crônica? Uma narrativa? Um livro puramente romântico? As discordâncias são múltiplas.
Viagens na Minha Terra: Aspectos Gerais Viagens na Minha Terra: Aspectos Gerais Reviewed by Anônimo on 16:04 Rating: 5

Nenhum comentário:

Tecnologia do Blogger.